Se o seu médico solicitou uma avaliação cardiológica antes da cirurgia, saiba que esse é um passo essencial para garantir sua segurança durante e após o procedimento. Essa solicitação é comum em diferentes tipos de cirurgia, sejam elas eletivas, como lipoaspiração e colocação de prótese mamária, ou por necessidade médica, como retirada da vesícula, cirurgias ortopédicas ou mesmo exames que exigem sedação.
Urgência vs. Cirurgias Eletivas
O primeiro ponto a ser avaliado é se a cirurgia deve ser realizada em caráter de urgência ou emergência. Se for o caso, o procedimento deve ser feito prontamente, e o papel do cardiologista será adotar estratégias para minimizar riscos cardiovasculares, monitorando o paciente durante e após a cirurgia.
Se a cirurgia puder ser planejada, a avaliação cardiológica tem como objetivo identificar e estabilizar doenças cardíacas graves que possam aumentar o risco do procedimento, como hipertensão arterial grave não controlada (>180×110 mmHg), arritmias cardíacas de alto risco, insuficiência cardíaca descompensada, doença valvar mitral/aórtica grave com sintomas, entre outras. Caso alguma dessas condições seja detectada, a cirurgia deve ser adiada até que a doença esteja sob controle.
Como o risco cirúrgico é avaliado?
Após descartar doenças cardíacas graves, o cardiologista analisa fatores como histórico de saúde, condições clínicas atuais, exame físico e exames complementares (quando necessários). O risco de complicações cardíacas perioperatórias é então estimado com base em escores validados e diretrizes atualizadas, levando em conta o tipo de cirurgia e o perfil do paciente.
Proteção do coração durante e após a cirurgia
Vale ressaltar que a avaliação cardiológica não consiste apenas na emissão de um laudo para “liberar” a cirurgia. Em vez disso, ela visa estimar o risco cardiovascular e definir medidas que reduzam complicações, que podem envolver:
- Ajustes na medicação habitual
- Estratégias de controle da pressão arterial e frequência cardíaca
- Indicações sobre a necessidade de monitorização mais rigorosa no pós-operatório
Não deixe para a última hora!
A avaliação cardiológica pode revelar doenças que precisam ser tratadas antes da cirurgia, como hipertensão ou diabetes descompensado, ou outras condições que aumentam o risco de infarto agudo miocárdio, que exijam investigação mais aprofundada.
Se você tem uma cirurgia programada, agende sua avaliação de risco cirúrgico cardiológico. Quanto antes for feita, melhor o planejamento e menores os riscos. Esse cuidado pode fazer toda a diferença!
Referências:
GUALANDRO, Danielle Menosi et al. Diretriz de Avaliação Cardiovascular Perioperatória da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2024. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 121, n. 9, e20240590, out. 2024.
Taís Albano Hernandes
Graduada em medicina pela Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA). Possui residência em Clínica Médica pelo HGC (SUS-SP), em Cardiologia e aprimoramento em Ecocardiografia pelo Hospital do Coração (HCOR). Porta o título de especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e de Ecocardiografia pelo Departamento de Imagem Cardiovascular (DIC).